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Escola CAIC

24 de julho de 2025

DOFF 10 e os Jogos de Mesa: O Que Isso Tem a Ver com Educação?

No dia 22 de junho de 2025, participei da 10ª edição da Diversão Offline (DOFF), um dos maiores eventos de jogos de mesa do Brasil, realizado no Expo Center Norte, em São Paulo. Foi um evento que reuniu editoras, autores, famílias, professores e jogadores, todos em torno de uma paixão comum — os jogos de mesa.

No evento, tive contato com jogos modernos que encantam pelas artes, pelas mecânicas e pelas possibilidades pedagógicas. Vi jogos que envolviam lógica, narrativa, cooperação, história e até ciência. Vi crianças ensinando adultos a jogar, e adultos (re)aprendendo a brincar com curiosidade e respeito.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o estande da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição brasileira de pesquisa e produção em saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, onde eu tive a oportunidade de conhecer a Luciana Alleluia, Doutora em Ciências do Cuidado e Saúde, enfermeira e pesquisadora da Fiocruz/Ceará, o Alex Nascimento, Coordenador do projeto “Zona Viva” e o Erick Lima, bolsista do projeto “Veja SUS” no bairro Cidade Jardim, Fortaleza/CE.


Eles me apresentaram alguns jogos desenvolvidos em parceria com a FioCruz, entre eles “Ciclo do Poder”, “Semeando o Cuidado”, “Imune” e o jogo “Florescer: Vivendo no Cidade Jardim", que foi desenvolvido pela juventude e movimentos sociais do território do Cidade Jardim, em parceria com o projeto Zona Viva e a Fiocruz (Veja SUS). Florescer é um jogo que aborda as vivências e desafios enfrentados na comunidade.



Foi uma experiência que reforçou algo que já acreditava: jogar é uma forma poderosa de aprender e de se conectar com o outro, assim como o projeto das minhas aulas, esse ano, com os ciclos 3 e 4: “Jogos Educativos”, nas quais venho apresentando jogos com possibilidades educacionais para os estudantes, jogamos, conversamos sobre as possibilidades de usar esses jogos com intuíto de diversão enquanto se aprende e iniciamos a produção de alguns jogos a partir da imaginação e interesses dos estudantes, mas sempre com uma finalidade educacional.


Jogo educativo: uma ponte para o conhecimento

Na escola, o jogo educativo é aquele que é planejado como ferramenta de aprendizagem. Ele pode ser inspirado em jogos clássicos ou totalmente novo, mas sempre com um objetivo pedagógico claro: ensinar conteúdos, desenvolver habilidades cognitivas ou estimular a resolução de problemas de forma lúdica e significativa.

Na prática docente, temos usado jogos para trabalhar matemática, ciências, história, habilidades de linguagem e muito mais. Além do conteúdo, o jogo educativo favorece a autonomia, a cooperação, a criatividade e o pensamento crítico — elementos essenciais para a formação integral dos alunos.

Porém, Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a um crescimento impressionante das plataformas de apostas esportivas — as chamadas bets. Elas estão por toda parte: em propagandas de TV, nas redes sociais, nos patrocínios de times de futebol e, o mais preocupante, no cotidiano de adolescentes e jovens. Em muitos casos, o que começa como “diversão” pode rapidamente se transformar em vício, frustração e endividamento.

Mas afinal, o que diferencia uma aposta de um jogo? E mais: como distinguir uma aposta de um jogo para diversão em família ou de um jogo educativo, como os que utilizamos na escola?


Aposta: o jogo que envolve risco financeiro

As apostas, especialmente nas bets, são caracterizadas pela promessa de ganho financeiro com base em resultados imprevisíveis. Elas envolvem dinheiro real, e o jogador muitas vezes acredita que está no controle, quando na verdade está exposto ao acaso e à lógica do lucro da empresa por trás da plataforma.

É importante que, como educadores e responsáveis, estejamos atentos ao fascínio que esse tipo de prática exerce, principalmente sobre os mais jovens — e que abramos espaços para discutir criticamente essa realidade.


Jogo em família: o prazer de jogar junto
Diferente das apostas, os jogos para diversão em família são pensados para momentos de lazer, convivência e riso. Podem ser competitivos ou cooperativos, mas o foco está no estar junto. São jogos como “Dominó”, “War”, “Cara a Cara” entre tantos outros modernos como “Uno”, “Taco, Gato, Cabra, Queijo, Pizza”, “Bandido” ou “Código Secreto”. Eles não envolvem dinheiro real, mas estimulam a conversa, o respeito às regras, a paciência e a empatia.
Esses jogos, quando incorporados no cotidiano da família, ajudam no desenvolvimento emocional e social das crianças — além de fortalecerem vínculos afetivos.
É preciso diferenciar: aposta não é brincadeira. O jogo, quando bem orientado, pode ser ferramenta de educação, de fortalecimento de vínculos e de desenvolvimento pessoal. Cabe à escola — e também às famílias — oferecer referências positivas sobre o que significa “jogar” de forma saudável.
Que possamos promover, cada vez mais, o espaço do jogo educativo e do brincar em comunidade, em vez de deixarmos que o imaginário do jogo seja sequestrado por promessas vazias de lucro fácil.
Fica a dica! Convide seus pais, irmãos, filhos, primos e amigos para um momento de diversão sem eletrônicos. Há tantos jogos possíveis… Aqui você acessa o jogo “Batalha Naval”, que
pode ser impresso ou desenhado rapidamente numa folha de papel.

Boa diversão!

Thais Carvalho
Professora Adjunto de História
Escrito por Professora Thais Carvalho

Orientação de Thais da Rocha Carvalho

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